segunda-feira, 1 de agosto de 2011

KORFEBOL, o jogo dos números



Interdisciplinaridade entre Educação Física e demais disciplinas através do esporte Holandês,
confira em www.korfeblog.blogspot.com – diversas matérias na tv sobre o Korfebol na tv.

VIDEO DO KORFEBOL COM MATEMÁTICA NO CANAL FUTURA = http://www.youtube.com/watch?v=_Zt0Vc2YVvw&feature=player_embedded


Criado na Holanda, esse centenário esporte de nome ainda pouco conhecido estimula o trabalho em equipe e vira ferramenta para aulas de Matemática em Escolas do Rio de Janeiro.

Com dificuldades para integrar as crianças de uma comunidade carente nas aulas de Educação Física, no Rio de Janeiro, o professor Marcello Bepi Soares resolveu apresentar um novo esporte ao grupo: o Korfebol. No jogo, as equipes são formadas por meninos e meninas. São proibidos o contato físico entre os jogadores e a marcação entre sexos opostos. "Ele abre espaço para quem foi excluído do vôlei ou do basquete, já que a força não é essencial", diz o professor. A iniciativa deu tão certo que hoje o Korfebol faz parte do currículo dos alunos do Ensino Fundamental em cerca de dez escolas do bairro do Méier, onde Soares atua. O que não se imaginava é que a prática conquistaria também um lugar cativo em salas de aula. É o que acontece no Centro Educacional Lins, onde as crianças de 1ª a 4ª série aprendem Matemática com as regras do Korfebol.

Como nenhum jogador pode tocar no adversário para roubar a bola, o esporte cria uma relação de interdependência e respeito entre os colegas do mesmo time no caminho percorrido até a cesta (leia abaixo as regras do jogo). Além de pensar juntas numa estratégia, as crianças conversam entre si para marcar os pontos. "É um estímulo ao raciocínio", diz Soares. Por isso, ao perceber a dificuldade de alguns alunos para entender conceitos de Matemática como os números pares e ímpares, ordem crescente e decrescente e tabuada, o professor adaptou tópicos da disciplina às regras do jogo. Na partida, quando fazem uma cesta, por exemplo, os alunos dizem em voz alta se o número da pontuação é par ou ímpar e, ao marcarem pontos, fazem a contagem direta e reversa dos pontos. "Isso facilita a absorção de assuntos que, basicamente, precisam de memorização", afirma a professora de Matemática da escola, Andréa Iavecchia Villardo.

O Korfebol também se destaca como um esporte ao alcance de todos, até dos mais gordinhos, de quem tem deficiência física ou pouca coordenação motora, uma vez que os deslocamentos não exigem grande velocidade e não há disputa de força. "O índice de atestados médicos diminuiu porque as crianças com dificuldades se sentem incluídas na equipe", diz Soares. Além disso, o equipamento - composto basicamente por duas cestas e uma bola - é simples e se adapta a qualquer espaço. "Quando chove, a gente dá aula dentro da sala e pode usar um balde sem fundo e uma bolinha de jornal ou de meia", explica o professor.

Como jogar Korfebol

O Korfebol é parecido com o basquete. Vence no Korfebol a equipe que marcar mais pontos colocando a bola na cesta. Como no handebol, os jogadores conduzem a bola com as mãos. O Korfebol é um dos poucos esportes coletivos mistos do mundo. Cada equipe tem quatro meninos e quatro meninas, divididos em casais. Outro diferencial: menino só marca menino, menina só marca menina. O mesmo vale para a defesa. Nesse jogo não existe dois contra um e também não vale contato físico.

A cada duas cestas, os times trocam as zonas. Ou seja, defensores viram atacantes e vice-versa. Isso permite que todos exerçam os mesmos papéis. "A troca de função também dá ao aluno maior experiência tática e motora", diz o professor Guilherme Borges Pacheco, coordenador de Educação Física da Universidade Gama Filho. No segundo tempo do jogo, os times trocam de lado na quadra. A cada início do jogo e cesta marcada, a bola é jogada pela equipe em desvantagem a partir da linha que divide a quadra.

No Korfebol, quem recebe a bola deve parar e passá-la para o colega do time. Ninguém pode quicar a bola, driblar o adversário ou correr com a bola na mão. "Isso impede que um jogador 'fominha' tente resolver o jogo sozinho", diz o professor Soares. "O aluno tem que aprender a se deslocar sem a bola, buscando aproveitar melhor o espaço." Também não se pode tentar marcar ponto quando o adversário está com os braços erguidos entre o jogador e a cesta para impedir o arremesso. A partida dura uma hora e tem 10 minutos de intervalo.

Na matemática

Segundo Soares, há conceitos de Matemática que podem ser facilmente absorvidos no Korfebol pelos alunos que têm dificuldade de aprendizado na sala de aula. Para ensinar o que são números pares e ímpares, o professor define qual a pontuação máxima que os alunos devem fazer para vencer uma partida. As crianças dizem se esse número é par ou ímpar e vão à luta. Durante o jogo, cada time veste coletes de uma cor diferente. Um é numerado só com números pares e outro, só com ímpares. Para treinar tabuada, quando o aluno faz uma cesta, o professor pergunta imediatamente quanto é 2x2, por exemplo. Com a resposta certa, o time ganha mais um ponto - além do equivalente à cesta.


INTEGRAÇÃO, INCLUSÃO E MAIOR PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS

O Korfebol também se destaca por estar ao alcance de todos. Obesos, deficientes físicos ou pessoas com pouca coordenação motora podem participar ativamente, uma vez que os deslocamentos não exigem grande velocidade e não há disputa de força. O índice de atestados médicos solicitando a exclusão de alunos nas aulas de Educação Física diminuiu, porque as crianças com dificuldades se sentem incluídas na equipe, diz Soares. Além disso, o equipamento - composto basicamente por duas cestas e uma bola - é simples e se adapta a qualquer espaço. Quando chove, a gente dá aula dentro da sala e pode usar um balde sem fundo e uma bolinha de jornal ou de meia, explica.


REGRAS PEDAGÓGICAS DE IGUALDADE

As regras do Korfebol motivam a participação de pessoas que não possuem um perfil exatamente “atlético”, que por alguma razão podem ter sido excluídas da prática de atividades físicas, mas que ao se depararem com as possibilidades oferecidas por este esporte, sentem-se capazes de jogar e resgatam a sua auto-estima em relação ao seu potencial.

Nas aulas de Educação Física, ainda encontra-se a barreira do preconceito, não só contra o sexo feminino, mas também contra qualquer pessoa que se apresenta por qualquer motivo como diferente, isso se expressa claramente através do desrespeito às diferenças que resulta em violência.

A prática do Korfebol, não pretende treinar grandes atletas ou supervalorizar as habilidades motoras específicas, mas sim contribuir para a formação integral do indivíduo, proporcionando vivências onde ele possa desenvolver as suas habilidades corporais, num ambiente onde a convivência com os demais possa levá-lo a descoberta das diferenças como algo natural e pertinente a sua vida social.

O Korfebol poda ser um recurso importante na construção e desenvolvimento da Cultura de Paz através da sua prática colaborativa, de não-violência e de inclusão social. O participante passa a ter a possibilidade de vivenciar o outro como parceiro, na superação da discriminação e do preconceito. Além disso, o seu caráter colaborativo desconstrói o individualismo mostrando que não é apenas a competição que importa, apresentando ao participante uma nova perspectiva em relação à coletividade. O fato de em sua regra não poder existir contato físico para a retirada da bola desenvolve não só a possibilidade como o estímulo à prática da não-violência . Essa construção pode estender-se ao âmbito da vida cotidiana do sujeito, trazendo transformações no seu modo de se relacionar consigo mesmo, com a família e com a comunidade.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo fundamental da aplicação do Korfebol no contexto escolar é promover uma atividade educativa comum, capaz de integrar os sexos masculino e feminino. Respeitando, além das especificidades biológicas, o direito de todos os sujeitos participarem em condições de igualdade, numa disputa cordial e não agressiva. Não permitindo o contato físico e possuindo regras específicas para que isto não ocorra.

O Korfebol oferece oportunidades iguais em cooperação, desenvolvimento físico, técnico e tático, que se manifesta harmônica e funcionalmente, o que varia de pessoa para pessoa, criando uma concepção de igualdade de condições, valorizando o espírito de equipe e formando os indivíduos como um todo.

Desenvolve principalmente os aspectos afetivo, cognitivo e psicomotor.

É um jogo de estratégia e cooperação que pode ser praticado em ambiente escolar ou como esporte de alto rendimento.

Motiva a prática de outras modalidades esportivas de quadra.

Desenvolve no aluno maior espírito de equipe e coletividade.

O Korfebol funciona como “ferramenta pedagógica” aos educadores de forma em geral, principalmente na questão do Conflito entre os gêneros nas aulas onde através do esporte aprendem a conviver em igualdade de condições.